

A profissão de jornalista vem passando por profundas transformações. Com a evolução tecnológica constante, redes sociais e novas ferramentas lançadas diariamente e, sobretudo, a possibilidade de qualquer pessoa se tornar um produtor de conteúdo, o jornalismo precisa se reinventar. As redações de veículos de comunicação, principalmente os impressos, reduziram drasticamente suas equipes e investem pesado nos produtos online, exigindo uma atuação multiplataforma.
Milhares de jornalistas se veem, de repente, obrigados a repensar a carreira, considerar montar um negócio e outros, que já sonhavam empreender, receberam uma motivação a mais com a crise econômica.
E engana-se quem pensa que o profissional não pode empreender na sua própria área de atuação. Além de se tornar freelancer, o jornalista pode criar um blog, uma fanpage ou um canal no Youtube, por exemplo. Foque em pequenos e médios empreendedores e startups, que precisam desses serviços.
Como freelancer, você pode ser um redator de conteúdo com artigos e reportagens, mas também revisor, fazer curadoria de conteúdo, produzir vídeos e gerenciar redes sociais para clientes. E pode ir também para uma área totalmente diferente. Você é um doceiro (a) de mão cheia ou tem talento com artesanato? Esse pode ser outro caminho.
Confira a entrevista com a jornalista Patricia Schmidt, de Curitiba, que tem 20 anos de experiência e trabalhou em redação TV e em comunicação interna de empresas do setor moveleiro e de prestação de serviços, mas tomou a decisão de investir na sua paixão por animais.
Digitais do Marketing: Como foi essa transição do jornalismo para montar o seu canal de vídeos?
Patricia Schmidt: Eu tinha saído daquele estresse de redação, aquela adrenalina toda e trabalhava em uma agência de publicidade como redatora e revisora. E comecei a fazer hospedagem para cães em casa. Eu gosto de cachorro, tenho três. E era bom poder ajudar as pessoas, pois ter um bicho é como ter um filho. Muita gente deixa de viajar por não poder deixar o animal sozinho. Depois de três anos na agência, veio a crise e fui demitida. Aí pensei que poderia ampliar a capacidade de comunicação e criei no Youtube o canal PeTView, onde dou dicas de cuidados, entrevisto veterinários e divulgo agenda de encontros de cães, feiras e exposições. Eu produzo, gravo e edito os vídeos sozinha.
Digitais do Marketing: Como você montou o canal? Foi um processo fácil?
Patricia Schmidt: Eu tomei a decisão logo após a demissão. Foi em junho do ano passado, mas quem não é uma celebridade demora mais a fazer o negócio acontecer. Outra questão é que as pessoas não têm ainda o hábito de se inscrever nos canais do Youtube, então eu ia a vários eventos e feiras e distribuía meu flyer falando do canal, fiz muitos vídeos gratuitos. Ainda não vivo só disso, continuo com a hospedagem de cães, mas há um mês comecei a dar visibilidade a alguns petshops: entrevisto, falo como é, dou endereço e recebo um valor ainda pequeno.

Digitais do Marketing: Como você percebeu que precisava promover seu canal na internet?
Patricia Schmidt: Foi o Facebook que me mostrou a importância de usar os canais digitais para divulgar. E muita gente ainda erra ao não separar o perfil pessoal do profissional. É muito importante separar. E depois fui também para o Instagram. Eu tenho mais inscritos no Facebook e Instagram do que no Youtube, por exemplo.
Digitais do Marketing: Você investe em mídia paga?
Patricia Schmidt: Sim, invisto no Facebook e, por ter ainda pouco conhecimento, não faço também no Youtube. No Facebook você consegue um bom retorno, mesmo com orçamento pequeno. O mercado de petshop está crescendo em Curitiba. Grandes redes de São Paulo estão se instalando aqui, então há procura.
Digitais do Marketing: Qual dica você dá para um jornalista que está desempregado e sem saber o que fazer?
Patricia Schmidt: Faça o que gosta. Não adianta se reinventar em algo que não gosta, pois não vai colar. Quando eu comecei o canal tinha duas sócias, também jornalistas. Uma tinha medo de cachorro (risos) e a outra não tinha paixão pelo negócio. Por isso acabaram desistindo. O jornalista também pode investir na sua própria área como assessor de imprensa, redator. Nossa profissão permite várias possibilidades de atuação. Se você acredita, já tem 50% de chance de dar certo.
Veja por onde começar
- Se você ficou um pouco parado no tempo e não entende muito de mídias digitais e marketing digital não é o fim do mundo. Há vasto material e cursos gratuitos, que você encontra na internet. E muitos tutoriais de como criar um blog ou uma fanpage;
- Você tem que definir sua persona, que nada mais é do que o público que você quer alcançar. A pessoa ideal para comprar/consumir seu produto ou serviço;
- Em quais canais sua persona está? É no Twitter, Facebook ou Instagram? Ou nos três? Comece com um ou dois canais e depois expanda. Nas mídias digitais você tem que planejar, criar conteúdo, publicar, monitorar e mensurar. É preciso testar, testar e testar. Veja o que está dando certo e mude o que não gerou bons resultados;
- Faça uma busca aprofundada de palavras-chave antes de criar seus textos e posts. E planeje semanalmente as postagens;
- Escreva e crie sempre conteúdo relevante e útil para ajudar a resolver os problemas e dores da sua persona. Como esse material vai ajudar?;
- Tem um detalhe importante que muita gente não leva em consideração. É preciso pagar nas mídias digitais. Não conte só com o alcance orgânico porque ele está insignificante. Defina um orçamento. Dá para começar com um valor pequeno e, mesmo assim, ter resultado, como disse a Patricia Schmidt.
Dicas gerais:
• Divulgue material gratuito. Pode ser um eBook, infográfico ou fazer um webinar, vídeos;
• Storytelling ou contar histórias é uma das formas mais envolventes para chamar a atenção nesse mundo com uma quantidade absurda de conteúdo sendo criado na internet a cada minuto. E você pode fazer isso por meio de vários formatos como texto, fotos e vídeo;
• Interaja, converse sempre com seu público. Ele quer se sentir fazendo parte da sua comunidade, do seu negócio;
• Pense sempre no mobile e em uma boa experiência de navegação para o usuário. Em 2015, 92,1% dos domicílios brasileiros acessaram a internet por meio do telefone celular, enquanto 70,1% dos domicílios o fizeram por meio do microcomputador, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
• Pesquise o que a concorrência está fazendo, mas não copie. Veja os temas que mais interessam à sua persona e os comentários que elas postam sobre isso;
• Use o Facebook para levar ao seu blog, por exemplo. Já no Instagram, o destaque é para fotos de ótima qualidade, tem que ter uma “pegada” mais artística. No Twitter, poste vídeos bem curtos, com menos de 30 segundos. Use a criatividade para passar sua mensagem;
• GIFs e Emojis estão fazendo cada vez mais sucesso e se transformaram em ferramentas de conteúdo.
Então? Anotou todas as dicas? Agora é colocar a mão na massa. Há muitas oportunidades na crise. Com determinação e disciplina você pode criar um produto/serviço de ótima qualidade e conquistar seu espaço no mercado cada vez mais competitivo.