Na bio, tudo são flores

Impacto nas redes sociaisPara muitos, a vida era um tanto monótona antes do famoso mundo virtual. Ou ficou depois que disseram que o “soma” moderno, a nova droga contra as incertezas e as inseguranças estava ao nosso dispor numa tecla, a enter. As coisas não eram nada mais que coisas, e nós, até então, não tínhamos o quê comemorar. E para não sermos “coisas” também, aderimos à “onda”.

As redes sociais nos possibilitaram uma façanha perigosa – a de assumir novos papéis e/ou sermos personagens da nossa própria vida. Nesse meio, onde as conexões aproximam distâncias, as verdades se escondem debaixo de palavras personalizadas e imagens coloridas, criando um caminho, talvez, sem volta. Alguns, em casos extremos, passam a considerar como verdadeira a vida que levam na rede. O mundo é a tela. Em caso de dúvida, del. Del , o novo justiceiro. E basta, mesmo que o indivíduo se transforme em uma triste e confusa identidade vagando. Um perfil falante, digamos assim.

Em busca de respostas e conforto, despejamos emoções em nuvens que, mesmo flutuantes, não possuem água e muito menos soluções. Não irrigam, nem respondem. Nesse infinito campo sem dono, autodenominados “sábios”, opinamos sobre qualquer assunto, fato, reflexão alheia, sentimentos de outrem. Só tem valor aquilo que é “curtido”. You like this?

Através de cliques, acreditamos que subimos os degraus da moderna escala social. O que vale é a autopromoção. Sentimos esta necessidade. Contudo, a encenação, por mais real que pareça não se afirma. A vitrine virtual se mostra como um reflexo de uma geração pacata, que se acostumou a fazer somente o que gosta, desde que não precise de muito esforço. Ou coragem. Dentro desse tiroteio de emoções e informações, a maior vítima é a socialização. Como abordado por Iuri Brito em seu artigo “O que você vai ser quando crescer”, “se você for uma Alice, não se preocupe, pois para quem não sabe aonde quer ir, qualquer caminho serve”.

Em tempos como os de hoje, onde a reputação online vale mais que qualquer coisa, entre os personagens disponíveis para se fantasiar, eu evitaria os vilões, não importa de qual história sejam.

 

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