Em uma galáxia não muito distante, existia uma menina que gostava de fazer compras, com bom gosto peculiar e que sempre ouvia de suas amigas “Você deveria escrever um livro com as suas dicas”. Bem, isso foi antes dos blogs de moda acontecerem no mundo digital.
Em meados de 2007, surgiu o blog mais bombado na área de estilo e consumo brasileiro (que foi inspiração pra mim ) o Garotas Estupidas, onde sua autora garimpava “achados” na loja de departamentos Renner, postava o esmalte favorito da semana (Em geral um Colorama) e suas fotos (sempre tiradas com uma câmera caseira) mostravam que ela também comia despretensiosamente um Big Mac com suas amigas, dando uma volta no shopping. O blog dela cresceu, cresceu tanto, que hoje não é mais blog, e é gerenciado por um grupo de comunicação fortíssimo e especializado em…adivinha? Blogs de Moda!
No rastro do Garotas Estúpidas, blogs de moda começaram a pipocar em todo o Brasil. Desde 2007 muitos outros apareceram (o meu inclusive, já extinto Blog Rainha Louca) todos com linhas editoriais interessantes: alguns mais focados em street style, outros mais conceituais…mas não deu muito tempo e a banalização se tornou inevitável.
O movimento mais interessante foi que com o Twitter das blogueiras em hiperatividade, alinhado à comunicação do blog, as meninas que antes se estapeavam por um lançamento na C&A, se tornaram celebridades do mundo fashion, mimadas por marcas e estilistas, formadoras de opinião. Alavancadas pelo sucesso em 140 caracteres, geraram algo grave pra quem curte leitura útil e informativa: a pasteurização da informação.
De repente você navegava nos blogs, e tudo era igual! As meninas falando as mesmas frases, usando as mesmas roupas, as mesmas bolsas, o mesmo cabelo com luzes californianas, viajando para os mesmos lugares (normalmente Nova York ou Londres) e o texto cada vez mais pobre e cheio de erros de Português. Não dava para entender como canais tão interessantes de valorização da personalidade feminina, se tornaram uma ode ao consumo desenfreado e a adoração desse “fake and smiley world” onde todas usam Louis Vuitton e esmalte Chanel (azul, porque não?).
Impulsionada pelo meu currículo profissional na área de marketing digital, e com o conhecimento que obtive nos 3 anos de blog, encerrei o expediente do meu blog e disse um NÃO em capslock vermelho para essa geração de blogs sem nenhuma informação relevante, e entupidos de propaganda através dos famigerados publiposts.
E quando eu achei que não tinha mais jeito, que se quisesse falar sobre moda teria que aguentar o massacre de besteiras, dei de cara com o Blogueiras Shame http://blogueirashame.blogspot.com/ e me surpreendi, porque provavelmente esse blog (onde todos os blogs de moda são analisados e sabatinados pelas editoras, dignas de um programa de humor) é escrito por uma blogueira, ou por alguém que gosta muito desse tipo de veículo, mas resolveu rebelar-se contra eles! É pra rir ou pra chorar?
Fica a pergunta, qual será o destino dos blogs de moda? Vão todos se vincular a grandes grupos de comunicação? Vão sumir? E quem gosta de moda de verdade, como que faz?
a tendência é piorar e gente de todas profissões possíveis que criaram um blog de moda decidiram fazer design de moda pensando que é luxo, roupas e desfiles… tudo doida. e concordo em demasia com a parte de que muitas são iguais, com os mesmos cabelos, roupas… ZzZZzzZZ massificação total e padrão. ou aquelas que são “rycas” e só pq podem ir em uma loja cara se acham da moda, queria ver algumas ficarem “dignas” de renner! haha
ótimo texto :)
Todas vão acabar falidas juntinhas.
que maravilha de texto!
Muito bom post. Meus R$0,02:
A priori, acredito que os mais gerais irão se vincular (ou formar) grandes grupos de comunicação sim. No entanto, existem os nichos (pense, moda japonesa lolita, por exemplo), que não vão sofrer por algum tipo de crise, visto que eles não recebem tanto assédio por publicidade e assim mantém aquele “que” de originalidade e informação “neutra” (salvo pela tendenciosidade dos autores, claro).
A culpa também é das próprias agências de comunicação, que saem atirando pra todos os lados. Minha irmã tem um blog de moda de nicho e posso atestar. Ela já recebeu cada proposta… Sempre que posso to orientando ela sobre o que é ou não interessante ela aceitar para não arriscar “queimar” o blog dela com publis desnecessários.
Um blog nunca vai deixar de ser um diário, o autor(a) escreve o que quiser na hora que bem entender, não tem obrigação de manter qualidade, nem nada mais, ele é um blogueiro, não um jornalista. Se caso aparece alguém para patrociná-lo pq ele recusaria? Quem não gosta de ganhar dinheiro? Ninguém tem obrigação de seguir blog nem de gostar de seu conteúdo, volta quem quer. Essa questão me lembra o pessoal que vive de xingar a Globo mas não perde uma novela…
O que foi descrito aqui não acontece ou aconteceu somente com esse tipo de blog (moda), acontece com todos os outros nichos, a autora chegou a conhecer a explosão e acomodação dos blogs de tecnologia e humor (os verdadeiros maiores e mais rentáveis blogs do Brasil)? Haviam brigas diárias, baixaria mesmo, entre os maiores blogueiros do Brasil. Viu o nascimento do verbo “kibar”? Pois bem, todos os blogueiros que esculhambavam o kibe por roubar conteúdo sem citar a fonte hoje fazem troca de links com o kibe, interessante, não?
Voltando ao assunto, pq os blogs de moda iriam escapar disto? É bem mais fácil e até divertido esculhambar o trabalho dos outros como faz a shame, existe coisa melhor q ser crítico de alguma coisa? Tenho certeza que quem vive desse tipo de coisa deve ter no mínimo inveja, é desocupada e vive debaixo do teto de papai e mamãe.
Deixo a dica para a shame, quer fazer melhor que só criticar? Faça um blog descente, pague por hospedagem, compre um domínio, trabalhe, escreva todo santo dia, seja criativa todo dia, responda todos os emails, comentários, redes sociais, com o passar do tempo você será reconhecida, se for tão boa o quanto é para criticar isso virá rapidamente com facilidade.
Gostei do comentário de Joana, tanto quanto do texto. Sou bipolar? rs…
Quem gosta de moda de verdade não lê blog. Compra revista gringa, faz curso.
[…] artigo foi uma participação minha no Digitais do Marketing. Obrigada Digitais! […]