Confira o papel das mídias digitais na literatura infantil

A leitura está sempre viva ou pelo menos deveria ser assim. Desde que somos apresentados às letras, sons e imagens, quando ingressamos na idade escolar, passamos a compreender melhor as informações que nos são passadas. Quando começa a ler um texto, como este, por exemplo, você o faz, pois algo lhe prendeu a atenção. Seja a necessidade de saber mais sobre o assunto, a busca por mais informações ou o interesse por um tema que te atrai.

Literatura Infantil e as Mídias Sociais

A escola exerce papel fundamental no hábito da leitura, que deveria ser passado de pai para filho. São livros infantis que nos fazem viajar, ter sonhos criativos, aguçar a imaginação, conhecer culturas e países. Além disso, a arte de contar histórias percorre um caminho longo até os dias de hoje, quando toma corpo diferenciado e a renomeamos chamando-a de storytelling.

O texto nunca está pronto. A interpretação é essencial na produção dos sentidos. Deve ser atraente, útil e passar a ser uma experiência frequente para as crianças. Estas devem ter contato com contos, fábulas, quadrinhos e passear por impressos como livros, gibis, jornais, revistas, folhetos tendo como complemento recursos tecnológicos de som, vídeo, fotografias, etc.

Autores como Angela Lago, um dos nomes mais importantes da literatura infantojuvenil contemporânea, trabalha com a ilustração de seus próprios livros, além de criar narrativas sem qualquer texto. Possui mais de 30 livros publicados e inúmeros prêmios no Brasil e no exterior. Transformou a dificuldade de escrever, por ser dislexa, em um talento que hoje é reconhecido internacionalmente. Ela não tem medo da tecnologia, pelo contrário, a utiliza como aliada em seu trabalho de literatura em linguagem de hipermídia. A conhecida história de Chapeuzinho Vermelho é transformada por Angela em “A interminável Chapeuzinho”.

A história é contada sem qualquer parágrafo escrito, apenas com animações e sons que dialogam na construção dos sentidos. A autora oferece inúmeras possibilidades de desfecho para uma mesma narrativa. O leitor pode optar se a Chapeuzinho segue o caminho indicado pela mãe ou vai pelo outro e mais perigoso, se a avó deixa o lobo entrar na casa dela ou não e outras inúmeras possibilidades. O leitor agora é leitor-navegador e explora as opções verificando as consequências de cada escolha feita.

O e-book e o audiobook podem ser novas abordagens para a literatura. A exclusão do mouse nos tablets cria mais intimidade do usuário com a mídia utilizada. Novos suportes têm modificado as práticas textuais e de leitura. A desconstrução da linearidade cria uma nova expressão literária. O assunto carece de discussão. Porém, independente de embates, o caminho mais saudável é fazer com que o texto seja um objeto corriqueiro na vida familiar e na sociedade. Não vamos debater o que é melhor, a certeza é que livros e outras mídias não precisam ser concorrentes, mas sim e por que não, produzirem habilidades e prazeres distintos?

 

1 COMENTÁRIO

  1. Gostei do artigo, mas acho que existe uma ressalva que sempre deve ser feita.
    As mídias digitais devem ser um gatilho para a leitura tradicional, mas não substituí-la.

    Nada pode tomar o lugar do velho livro, seja impresso, ou digital. O fato é que audio, vídeo, animações, interatividade, etc. Por mais que sejam interessantes, devem ser complemento, não essência da coisa.

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